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Bélgica - Portugal

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Embora a Bélgica só tenha surgido em 1830, a verdade é que muitos séculos antes já os portugueses estavam estabelecidos neste território, onde criaram duas importantes feitorias, primeiro em Bruges (século XV) e depois em Antuérpia (século XVI). Estes contactos revestiram-se de uma enorme importância cultural e comercial não apenas para Portugal e a Flandres, mas também para os povos desta região da Europa. 

As primeiras noticias de flamengos em Portugal datam de 1147, quando um grupo deles, chefiado por Cristiano de Gistel, ajudou o 1ª. rei de Portugal, D. Afonso Henriques, a conquistar a cidade de Lisboa (1147). A filha do rei, Dona Teresa, casou com Filipe da Alsácia, conde de Flandres. Em virtude deste casamento muitos portugueses instalaram-se em Bruges. No reinado de D. Sancho I muitos flamengos, por sua vez, estabeleceram-se em Portugal. 

Portugueses e flamengos começam então a desenvolver intensos contactos comerciais. Para a Flandres levam mel, sal, vinho e outros produtos. De Bruges, de Gand, de Ipres, de Tournai trazem-se tecidos, armas, objectos de luxo. 

Séculos XV/XVI. A partir do século XV, com os Descobrimentos, os comerciantes portugueses tem agora uma infinidade de novos produtos e conhecimentos para oferecer: o açúcar da ilha da Madeira, as especiarias africanas e orientais, e sobretudo as novidades dos novos mundos que descobriam. 

Milhares de flamengos estabelecem-se em Portugal, nomeadamente nos Açores e na Madeira. Dona Isabel duquesa de Borgonha, a quem o seu sobrinho, D. Afonso V, dera os Açores, enviou para o arquipélago númerosos colonos flamengos.

Feitoria de Bruges. Fruto desta presença regular, no inicio do século XV, os portugueses fundam nesta cidade uma feitoria. Nesta altura a princesa D. Isabel, filha de D. João I, casou com Filipe, o Bom, Duque de Borgonha, que era também conde de Flandres, trazendo consigo mais 2 mil portugueses, que desenvolveram uma enorme actividade no domínio do comércio, finanças e artes. 

Feitoria de Antuérpia (Anvers, Amberes). Em 1499 a colónia portuguesa deixou Bruges e transferiu-se para Antuérpia, onde em 1511 se tornam uma nação com privilégios especiais. Começa então a época de Ouro de Antuérpia.

Entre os ilustres portugueses ligados a esta Feitoria, destaca-se Damião de Góis. Em 1523 foi nomeado escrivão da Feitoria Portuguesa de Antuérpia, instituição que negociava as mercadorias vindas do Oriente. Entre os seus amigos conta-se o célebre pintor-gravador alemão Durer. Recorde-se que Damião de Góis está retratado numa pintura na Universidade de Lovaina, pelo facto de ter comandado os estudantes que se opuseram às tropas de Francisco I de França quando estas invadiram Lovaina.

Comunidade de Judeus Portugueses. Ao longo de todo o século XVI milhares de portugueses fixaram-se em Antuérpia, muitos deles eram cristão-novos (judeus) fugidos das perseguições que lhes eram movidos em Portugal, nomeadamente pela Inquisição. A maioria estava estabelecida na Rua Nova ou Rua dos Judeus. Em 1572 foram contabilizadas 102 famílias portuguesas, um número que diminuiu drasticamente com a chegada dos espanhóis 81576 e 1586).  Após o controlo da região pelos espanhóis refugiaram-se na Holanda e na Alemanha (Hamburgo, Altona). A intolerância religiosa dos espanhóis representou uma verdadeira catástrofe para a cidade.

Era tal o prestígio destes portugueses de Antuérpia que Thomas Moro (c.1478-1535), escolheu para personagem principal da sua célebre obra - UTOPIA (1516) - um velho e sábio marinheiro português radicado nesta cidade: Rafael Hitlodeu.  

Vários vestígios testemunham ainda hoje a presença destes portugueses em Antuérpia, os quais no século XVIII estavam em grande parte fundidos na sociedade flamenga. 

Estas feitorias foram da máxima importância não apenas para a Flandres, mas também para esta região da Europa. A actividade comercial e cultural destas feitorias proporcionava-lhes uma abertura às grandes descobertas que os portugueses faziam em todo o mundo. 

Em resultado destes intensos contactos comerciais, Portugal torna-se num dos principais mercados para os artistas flamengos ao longo de todo o século XV e princípios do XVI. 

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Vitrais da Catedral de Bruxelas

Quem entra na grande catedral de Bruxelas, não pode deixar de notar num enorme vitral com o brasão português, com a cruz da Ordem de Cristo, tendo em baixo retratados D. João III e a sua mulher Dona Catarina de Austria (1542). As capelas onde se encontram foram mandadas construir por Carlos V que se casou com Dona Isabel de Portugal.

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A presença portuguesa na Flandres, sempre muito importante, só começou a diminuir a partir do século XVII, devido ao domínio de Portugal pelos espanhóis (1580-1640). Apesar de tudo, os contactos nunca se perderam ao longos dos séculos.

 

Século XIX. A Bélgica participou no século XIX na partilha de África, tendo conseguido para Leopoldo II (1835 - 1909 ), a título de propriedade privada o Congo. Por causa desta questão durante décadas, a Bélgica teve um enorme contencioso com Portugal (consultar).

 

Século XX. No inicio do século XX, milhares de portugueses acabaram por perder a vida na Flandres, durante os combates da I Guerra Mundial (1914-1918). Os cemitérios de Antuérpia, de Ninove e de Tournai estão cheios de campas de soldados portugueses.

 

Não deixa de ser curioso que o actual rei dos belgas, Alberto II ( 1934- ), tenha sangue da Casa Real de Portugal (Bragança), por via da sua avó, a rainha Elizabeth, cuja mãe era a infanta D. Maria José, filha de D. Miguel I.

Comunidade portuguesa. A emigração portuguesa para a Bélgica remonta aos anos 60, onde residem actualmente cerca de 38 mil portugueses, a maioria dos quais em Bruxelas, embora existam também comunidades muitos significativas nas regiões de Antuérpia e Liége.

A comunidade de Antuérpia é constituída por 5 mil portugueses. Nesta cidade existem outros imigrantes de língua portuguesa (caboverdianos e brasileiros). Na igreja de Santo André, em Antuérpia, existe uma imagem de Nª Sª. de Fátima oferecida pelo Santuário de Fátima à Diocese desta cidade (1951).

Uma publicação recente (2004) regista a existência na Bélgica de  60 escolas que ensinam português. 17 professores portugueses do ensino oficial na Bélgica e cerca de 1100 os alunos (dados de 2000). Existem sete leitorados português. Contam-se também sete ranchos folclóricos e 18 clubes de futebol. Há notícia de livrarias e até de teatros, referem-se também a existência de vários artistas plásticos e escritores portugueses. Em toda a Bélgica existem locais de culto em português. Por fim, registe-se a existência de 131 cafés e restaurantes portugueses.

Carlos Fontes

Arte Luso-Flamenga

Durante o reinado de D. Manuel I, cria-se inclusivé um estilo de pintura designado por luso-flamengo, abundantemente representado nos museus portugueses. Mais

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Carlos Fontes

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