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Rússia -
Portugal Os relações diplomáticas entre Portugal e a
Rússia datam de 1779, no entanto os contactos comerciais e culturais são
muitos anteriores. Séc. XVIII.
Foi todavia no reinado de Pedro I (1672-1725), quando a
Russia se abriu à Europa. Durante a viagem, recruta para o seu serviço o
português António
Manuel Luís Vieira
(1680 ?-1745), um minhoto que se encontrava na Inglaterra. Na Rússia, Vieira
assumiu os mais altos cargos do Estado: Foi presidente da Câmara de S.
Petersburgo e superintendente da polícia desta cidade, cuja construção
esteve a seu cargo (O início da construção começou em 1703). Pedro I
nomeou-o seu Ordenança, Ajudante General, Capitão da sua Guarda Pessoal,
Brigadeiro e Presidente da Suprema Chancelaria de Polícia de toda a Rússia.
Atribuiu-lhe a Ordem de Alexandre Nevski, titulo de Senador e a dignidade
Conde. Após a morte de Pedro I (1725), Vieira é mandado para a Sibéria,
onde funda a cidade de Okhostsk (1739), o novo porto que iria surgir no
Pacífico, na Sibéria Oriental. Cria um estaleiro, uma escola de instrução
e inicia a construção da frota russa siberiana. Os seus restos mortais
encontram-se no Mosteiro de Alexandre Nevsky.
(Cfr.História,20,1980).
Outro do portugueses que
acompanharam Pedro I, foi um bobo chamdo João da Costa,
apenas se sabe que era muito culto. Na corte imperial
teve grande influência o médico português Ribeiro
Sanches, que muito
contribuiu para a formação dos seus colegas russos.
Em meados dos século XVIII o
porto de Lisboa passa a ser ponto de escala dos navios russos. Em São Petersburgo,
Luísa Todi, a grande cantora lírica
portuguesa deslumbra a corte de Catarina. Estes contactos culminam, em 1779, no
estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois país.
Século
XIX. Durante as invasões franco-espanholas
(1801-1814), Portugal estabeleceu uma aliança militar com a Rússia. Há
diversos relatos da participação de navios russos, em Lisboa, na luta contra
as invasões franco-espanholas.
No princípio de
Novembro de 1807, por exemplo, uma frota russa, composta por 9 naus e 2
fragatas, comandada pelo almirante Siniavin, em viagem do Mar Negro para São
Petersburgo, devido à preparação da guerra contra a Suécia, entra no
porto de Lisboa para invernar, devido a já não conseguir chegar à Rússia
antes do aparecimento dos gelos no Mar Báltico. No dia 27 deste mês, a
Corte de Portugal partia para o Brasil.
As lutas entre liberais e absolutistas em
Portugal (1820-1847) foi seguida atentamente na Rússia.
Século XX.
Em 1905, quando rebenta a guerra russo-japonesa, Portugal declarou-se neutral, recusando-se a
abastecer a esquadra russa que passou por Lisboa
na viagem do Báltico para o Extremo Oriente.
A implantação da República
em Portugal (1910), não levou grandes problemas em ser reconhecido pela
Rússia. O mesmo não irá acontecer com o regime saído da Revolução Russa,
em 1917. Deu-se então um corte nas relações diplomáticas entre os dois países,
aumentando a tensão entre eles durante a ditadura salazarista/caetanista
(1926/1974).
A Rússia
(URSS) era o principal apoio do movimento comunista em Portugal (Partido
Comunista Português -
PCP),
desenvolvendo uma constante acção política e militar contra o regime
português. Alvaro Cunhal
(1913-2005),
Secretário-Geral do PCP, em 1968, presta à URSS um importante serviço da
URSS, ao presidir à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental
que legitimou a invasão da Checoslováquia, ocorrida neste ano.
A ditadura em Portugal asssumia-se desde os anos 30 como um
bastião na luta contra a influência comunista, nomeadamente na Europa,
África e na Ásia. A Rádio Europa
Livre, entre 1951 e 1996, a partir Glória
do Ribatejo, perto de Lisboa, difundiu programas de informação para a União
Soviética, Roménia, Checoslováquia, Polónia, Hungria e Bulgária e o
Médio Oriente. Foi um dos mais poderosos orgãos de propaganda dos EUA na
guerra de informação característica da Guerra Fria.
Apesar da enorme distância que o separa, Portugal e a URSS
entre 1926 e 1974 estavam estranhamente próximos, nomeadamente pelas redes
políticas clandestinas que os ligavam, mas também pelos confrontos que
opunham os dois regimes, quer em termos militares como ocorreu em África
(1961-1974), quer nas acções de propaganda que ambos realizavam.
A URSS entre 1974-1975 ainda teve
alguma influência política em Portugal, através do PCP, tendo-se oposto às
suas tentativas de implantar no país um regime socialista. Manobrou os
membros deste partido para apoiarem a entrega de Angola ao MPLA. Com a queda do PCP a sua
influência foi diminuindo, extinguindo-se completamente a sua influência
após a queda do Muro de Berlim (1989) e a desintegração do Bloco Soviético (1991).
Durante a Guerra Civil de
Angola (1975-2002), Portugal e a URSS viveram muitos momentos de tensão. Na
perspectiva portuguesa o apoio militar que URSS prestou a uma das das forças
beligerentes (MPLA) acabou por internacionalizar o conflito e prolongar
indefinidamente a própria guerra. A Paz em Angola só se tornou possivel
quando se deu o colapso do Bloco Soviético, o que provocou a imediata saída
de milhares de militares cubanos e conselheiros soviéticos.
No princípio do século XXI, os laços entre os dois países
voltaram a reforçar-se, agora através da emigração russa para Portugal.
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