Director: Carlos Fontes

 

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Israel - Portugal

Os portugueses de religião judaica eram até finais do século XV muito numerosos, calcula-se que chegassem a representar mais de 10% da população. Em numerosas de cidades e vilas de Portugal ainda hoje subsistem casas de antigas judearias. Em Tomar, na antiga judearia, existe a maior das sinagogas medievais da Península Ibérica (século XV). Um edificio magnifico à espera de ser devidamente valorizado.  

A partir daqui, sob a influência espanhola, seguiram-se tempos de intolerância. Em 1497, por exemplo, mais de 100 mil foram obrigados a converterem-se ao cristianismo, passando a ser designados por Cristãos-Novos. Uma minoria saíu de Portugal, mas a maioria continuou no país praticando em segredo as suas crenças e ritos ou foi assimilada. 

Século XVI. As perseguições foram ferozes ao longo deste século. Em 1506, os frades dominicanos mobilizam a população católica para uma chacina de judeus no Rossio (Lisboa). Cerca de 3 mil foram mortos.

A Inquisição (1536) e depois a ocupação Espanhola de Portugal (1580-1640) foram marcos nesta barbárie, provocando fugas em massa de cristão-novos. Os milhares que saíram neste século foram para cidades marroquinas, espalharam-se pelo Império Otomano (Tripoli, Salónica, Chipre, Damasco, Constantinopla, Drubrovnik/Rugosa, Jesusalém, Safed), mas também pe lo sul da França (Bordéus, Marselha,etc), Bélgica (Antuérpia) e Holanda (Amesterdão), Alemanha (Hamburgo, Altona), e daqui partiram no século XVII e XVIII instalaram-se noutros lugares (EUA, Inglaterra, etc).

Entre os judeus de origem portuguesa contam-se os pioneiros do estado de Israel: Gracia Mendes Nassi (c.1510-c.1569),  o seu sobrinho e genro José Nassi. Todos eram oriundos de Lisboa. Gracia Mendes após a sua fuga refugiou-se em Antuérpia, seguindo depois para Itália e Turquia, onde se estabeleceu em Constantinopla, tornando-se uma das maiores empresárias no comércio marítimo. Nesta cidade existia uma importante comunidade de judeus portugueses. Com José Nassi tentou fundar na Palestina, em Tiberíades, uma colónia para judeus dedicada à produção textil.

Neste século milhares de judeus portugueses viviam já em Jerusalém e Safed, disso mesmo dá conta Frei Pantaleão de Aveiro - Itinerários à Terra Santa (1563).

Século XVII/XVIII. As comunidades de judeus portugueses desfrutam de um enorme poder e prestígio nos Países Baixos (Holanda, Bélgica), espalhando-se pelas Américas. Foram judeus portugueses que re-introduziram o judaísmo na Inglaterra onde havia sido banido. 

Século XIX. No princípio do século começaram a chegar a Portugal muitos judeus vindos de Gibraltar e Marrocos, formando em Lisboa uma pequena comunidade(1800), surgindo pouco depois outra no Porto e nos Açores (1818). Após a restauração da liberdade religiosa, em 1822, surgiu uma nova comunidade em Faro (1830), onde oito ano depois foi criado um cemitério (1838-1932). 

Nos Açores foram criadas comunidades judaicas nas Ilhas de S. Miguel, Terceira e Faial, tendo sido fundadas 5 sinagogas e vários cemitérios. A única que ainda funciona está em Ponta Delgada (S. Miguel). 

Em algumas regiões do país antigas famílias judaicas, que haviam mantido secretamente as suas crenças e práticas (cripto-judaísmo), voltaram a manifestar em público as suas convicções religiosas, como ocorreu em Belmonte (Beira Interior) e em algumas aldeias de Trás-os-Montes. 

Século XX. A comunidade judaica vive uma fase de grande actividade. A 25/5/1902 é lançada a 1ª. pedra da Sinagoga de Lisboa (Shaaré Tikvá -Portas da Esperança). A República, em Dezembro de 1912, reconhece os judeus cidadãos nacionais, até aí eram considerados estrangeiros. Apesar destes actos, monárquicos iberistas como António Sardinha (O Valor da Raça) vêem nestas acções o fim de Portugal.

Nos anos trinta, um simpatizante de Adolf Hitler - Rolão Preto - procura lançar uma campanha contra a vinda de judeus para Portugal, mas a Ditadura (1926-1974) acabou por o silenciar. Na cidade do Porto, em 1938, é aberta uma nova Sinagoga. Um caso único em toda a Europa.

Lar judaico. Na primeira metade do século discutiu-se intensamente a criação de uma colónia de judeus em Portugal ou numas das suas possessões ultramarinas, numa altura que aumentavam as perseguições em toda a Europa. Um judeu português S.A. Anahory, em 1886, tem a ideia da sua instalação no planalto de Angola. A ideia foi retomada por um judeu russo chamado W. Terló. Em 1912 é discutida e aprovada no parlamento português, mas a ideia arrastou-se no tempo devido ao pouco interesse manifestado pelas elites judaicas mundiais. Em 1933 volta de novo a ser colocada, devido à urgência de encontrar lugar para acolher os refugiados. A Ditadura opôs-se à sua concretização, mas a imprensa mundial (Abril de 1934) acaba afirmar que cerca de 5.000.000 de judeus iriam para Angola. Em 1938 o presidente dos EUA (Franklin D. Roosevelt) pressiona o governo português para aceitar a solução. O ditador Salazar continua a opôr-se. Em 1943 é a vez da Grã-Bretanha pressionar Portugal, mas igualmente sem êxito. (cfr. Expresso,20/8/2005).

Em Fevereiro de 1946, o rabino Solomon Schofeld, dirigente judaico de Londres, propõe a Portugal com o apoio da Grã-Bretanha a instalação de uma colónia de judeus nos Açores. A ideia foi recusada pelo ditador Salazar (cfr. José Freire Antunes, Judeus em Portugal, Lisboa, 2002). 

Durante os anos trinta e quarenta do século XX, dezenas de milhares de judeus são salvos dos campos de concentração nazis por diplomatas portugueses. Cerca de 60 mil fazem escala em Portugal a caminho da América. Neste período, graças à acção de Amzalak, é autorizada a abertura em Lisboa do Joint American Jewish Committee que trabalhou em conjunto com a Comissão Portuguesa de Assistência aos Judeus Refugiados de Portugal no apoio e assistência aos judeus que passavam pelo país ou aqui se pretendiam fixar.

Muitos judeus portugueses estiveram ligados à criação do Estado de Israel. 

Nas várias guerras entre Israel e os arábes, Portugal por força da sua aliança com os EUA tem dado um importante apoio a este país. Durante a guerra israelo-árabe do Yom Kippur, em fins de 1973, a Base das Lajes nos Açores foi utilizada para abastecer de armamento o exército israelita num dos momentos mais críticos da sua história. 

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Carlos Fontes

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