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México - Portugal

 

Quem chegou primeiro ao México? 

 

Observando o Mapa dito de Cantino (1500-1502),  muitos historiadores não têm dúvidas em afirmam que foram os portugueses. Vitorino Magalhães Godinho, atribui o comando a primeira expedição a Duarte Pacheco Pereira que, em 1498, avançou até a Florida "que compatriotas seus vão explorar logo em seguida" (Cfr. Expansão Quatrocentista Portuguesa, p.232).

 

A verdade é que numerosos portugueses integraram a totalidade das expedições espanholas de conquista do México, onde fundaram várias cidades e ocuparam os mais variados cargos.  

 

O primeiro europeu a morrer durante durante a conquista dos Maias foi um português "viejo"  (velho).O facto ocorreu em Fevereiro de 1517. Foi feito prisioneiro pelos maias, durante a expedição de Fernando Cordoba, na região de Catoche, Campeche e Potonchán. Foi este singular acontecimento que o fez sair do anonimato.

No ano seguinte na expedição de Juan de Grijalva a Tabasco, contava-se entre outros portugueses, o célebre piloto João Rodrigues Cabrilho. 

- Na expedição de Fernando Cortéz, em 1519, de San Juan de Ullúan à cidade de Tnotchitlán, integrava pelo menos 23 portugueses. Entre as mulheres portugueses que participaram também na expedição estava Filipa Araújo, mulher do capitão Cristobal de Olia, mestre de campo de Cortéz. Entre os portugueses que se destacaram destacam-se: Sebastião Rodrigues, um dos conquistadores da cidade do México, e povoador de Puebla de los Angeles; Lourenço Soares de Évora (Lorenzo Xuaréz), fidalgo, conquistador da cidade do México, a quem foi dado o povo de talhoocopán; 

Ainda a mando de Cortéz, entre 1521 e 1534, são muitos os portugueses que estão identificados nas várias expedições.

- Na expedição Panfilo de Marvaéz, em 1520, ao México, foram pelo pelos 15 portugueses. Entre eles contavam-se Francisco de Oliveira de Lisboa, Diogo Correia, explorador do mar do sul, Afonso Gonçalves de Portugal ( fidalgo e soldado) e João Rodrigues Cabrilho (capitão).   

- Nas expedições à Nova Espanha a mando de Cortéz, entre 1521 e 1535, foram já identificados dezenas de portugueses

Povoadores

 

A presença de portugueses no século XVI não se reduz à participação nas expedições de conquista e o ao tráfico de escravos, afirmando-se também como povoadores. 

 

A figura cimeira do povoamento do México foi o transmontano foi Luis de Carvalhal (Luís de Carabajal y la Cueva, c.1539-1596), explorador e defensor do nordeste do México, fundador e governador do "Reino de Nuevo León". No povoamento que empreendeu levou consigo mais de uma centena de famílias portuguesas, que se espalharam pelo México.  

 

Outro português foi o açoriano Alberto do Campo (Alberto del Campo, 1547-1611), fundador de cidades como Saltillo e Monterrey (1577). O povoamento português do México prosseguiu ao longo dos séculos. Em 1674, António Amaral e os seus irmãos, todos naturais de Mangualde, povoaram Jalisco (Mascota e Portovallarta).

 

Cartógrafos

 

Francisco Domingues, Cartógrafo. Em 1570 ocupava o cargo de cosmógrafo de Filipe II. Seis anos depois foi encarregado de cartografar o Iucatão (território entre o extremo sudeste do território do atual México e o nordeste da Guatemala).

 

Mineiros

 

Os portugueses estão desde o inicio envolvidos na exploração das minas nas indias espanholas, nomeadamente no México.

 

Comerciantes

 

Negreiros

 

Perseguições da Inquisição

 

Os portugueses foram as principais vítimas da Inquisição no México. Entre as primeiras vitimas conta-se Borullo (1537-1539), Juan Ruiz (1537-1539), Pedro Hernandez de Alvor (1538), Francisco Teixeira de Anda (1564), Francisco Millán - taberneiro, Jorge Hernandez (1574), Fernando Alvarez (1575), Hernando Rodriguez de Herrero, nascido no Fundão (1589), Luis de de Caravajal de Mogadouro (morto em 1591), Tomás da Fonseca de Viseu (1589-1592), Jorge de Almeida (1596), Ana Vaez do Fundão (1594), Beatriz Enríquez do Fundão (1595), etc.

 

No final do século XVI, dos cerca de 80 processos instaurados pela Inquisição do México, 72 eram de portugueses ou seus descendentes.

 

Em Dezembro de 1596 - 120 portugueses familiares e companheiros de Luis de Carvalhal são assassinados no auto de Fé em Monterrey.

 

Depois de 1640, quando Portugal restaura a sua independência, sucede-se um período de enorme repressão sobre a comunidade portuguesa. Em 1649, por exemplo, 109 portugueses foram penitenciados, sendo 13 queimadosMais

 

Missionários no México e na Califórnia

 

Portugueses apoiaram e participaram activamente na implantação de missões dos jesuítas no México, assim como a sua expansão pela Califórnia (EUA). 

 

- Maria de Guadalupe de Lencastre (1630- ), 6ª. Duquesa de Torres Novas, apoiou financeiramente os primeiros missionários que foram para a Califórnia. 

 

A acção decisiva durante 40 anos deveu-se, contudo, ao capitão governador português - Esteban Rodriguez Lorenzo (1665-1744), natural do Algarve - , que através de constantes expedições explorou a Califórnia, dirigiu entre 1701 e 1744, a instalação de missões dos jesuítas e assegurou a sua defesa. Sucedeu-lhe no cargo, entre 1744 e 1750, o seu filho Bernando Rodriguez Larrea.  

 

Guillén de Lampart e os portugueses

 

Em 1640 chegou ao México um irlandes, que rapidamente se intitulou "Rey de las Americas y emperador de los mexicanos". É lembrado como um dos pioneiros da independência desta colónia espanhola.

 

Acontece é que a sua acção foi interpretada pelas autoridades espanholas como fazendo parte de uma "grande conspiração" contra a Espanha, dirigida por portugueses. Em 1646 cerca de 160 portugueses são presos com Guillén, ao que se seguiu uma brutal matança e roubo dos seus bens. 

Descendentes

Ao longo dos séculos a presença de portugueses foi sempre significativa, embora pouco conhecida e estudada.

Século XX

O México a partir dos anos 30 do século XX converteu-se para portugueses e espanhóis num refúgio para as perseguições políticas. 

A história dos exilados portugueses ainda está pouco estudada. O que se sabe é que depois do Golpe Militar de 1926 que conduziu à instauração de uma ditadura em Portugal, muitos revolucionários portugueses (republicanos, anarquistas e comunistas) se exilaram no México. Alguns deles tem uma história fascinante como Francisco de Oliveira, mais conhecido por Pavel (1908-1992). Antigo militante anarquista que aderiu depois da  revolta de 1927 ao PCP. Foi preso no princípio dos anos 30, após uma espectacular fuga da  prisão do Aljube refugiou-se no México (1939). Neste país mudou de nome (António Rodriguez Díaz) tendo-se aí tornado num conhecido crítico de arte.

A história dos exilados espanhóis (cerca de 20 mil entre 1936 e 1950 ) é muito melhor conhecida e passou em grande parte através de Portugal. 

A primeira vaga começou durante a Guerra Civil em Espanha (1936-1939), quando cerca de um milhão de espanhóis fugiram para França e Portugal. O México, através dos seus diplomatas em França, nomeadamente em Marselha tiveram um papel decisivo ao concederem a milhares de espanhóis salvo-condutos mexicanos, sendo depois embarcados para o México em navios portugueses (Serpa Pinto, Niassa, etc ) e franceses.

A segunda vaga ocorreu durante a IIª. Guerra Mundial (1939-1945) e prolongou-se até aos anos 50, enquanto perduraram as brutais perseguições contra os "rojos" em Espanha. Apesar dos entraves colocados pelo "Pacto Ibérico" (1939) Portugal continua a funcionar como porta de saída para milhares de refugiados espanhóis, tendo muitos aqui se fixado. Logo a seguir à guerra, Gilberto Bosques (1892-1995), o célebre embaixador mexicano entre Fevereiro de 1946 e Janeiro de 1950, estabeleceu um pacto secreto com o ditador Salazar para o acolhimento e transporte para o México destes refugiados. No final da sua missão diplomática, pela sua acção benemérita, o ditador português, concedeu-lhe uma das mais altas condecorações do Estado: a Grã-cruz da Ordem Militar de Cristo. (cfr.Expresso,5/3/2005).

Durante a IIª. Guerra Mundial, ocorreram em Lisboa trocas de prisioneiros mexicanos por alemães, o próprio Gilberto Bosques foi um deles (Março de 1944). 

 

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  Carlos Fontes

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