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Marrocos - Portugal

Depois da Espanha é o país que mais próximo está Portugal. Ao longo dos séculos simbolizou a terra dos infiéis e dos piratas. 

No século XIII um acontecimento passado em Marrocos incendiará a imaginação de muitos cristãos portugueses. Em 1220 são degolados aqui 5 frades franciscanos. Um jovem nascido em Lisboa - Fernão de Bulhões, o futuro Santo António (1195-1231) -, impressionado por este acontecimento decide ser franciscano e ir pregar para Marrocos. O barco que o havia de levar, por razões desconhecidas, acabou por ir parar à Sicilia (1221).

Marrocos era terra de guerra entre cristãos e muçulmanos, pilhando-se mutuamente ao longo de séculos.

Século XV

A conquista de Ceuta, em 1415, marcou o inicio de uma série de conquistas portuguesas na costa marroquina, onde morreram milhares de portugueses em expedições e guerras ininterruptas. 

Século XVI

Após a expulsão de judeus e muçulmanos de Portugal, em 1497, milhares de portugueses fixam-se em Marrocos. A segunda vaga de refugiados ocorreu durante a ocupação de Portugal pela Espanha (1580-1640).

Durante o reinado de D. Manuel I prosseguem as conquistas em Marrocos: Safim (1508), Azamor (1513), Mazagão (1514). 

No reinado de D. João III, sobretudo depois de 1541, começam a ser abandonadas algumas cidades e fortalezas, devido aos elevados custos da sua manutenção ou pouca importância estratégica. Santa Cruz do cabo de Gué é conquistada pelos mouros em 1541. Azamor e Safim são abandonadas em 1542, Alcácer-Ceguer em 1549 e Arzila no ano seguinte.

D. Sebastião, procurou inverter a política anterior. Em 1571 reconquista Arzila e numa acção aventureira, em 1578 morre junto à cidade Alcácer Quibir, facto que conduziu à ruinosa perda da independência durante 60 anos. Filipe I, em 1589, abandona também Arzila.

Séculos XVII /XVIII

A ocupação de Portugal pela Espanha (1580-1640) traduziu-se na ruína da marinha de guerra portuguesa, o que dificultou a manutenção das praças-fortes em Marrocos e se traduziu no aumento da pirataria muçulmana no Mediterrâneo e no Atlântico.  

Os espanhóis ficam com Ceuta (1640). Os piratas de Argel, Tunes e Tripoli deixam de ter qualquer obstáculo para entrarem no Atlântico. 

A cidade de Tanger é oferecida, em 1661, aos ingleses, como parte do dote da Rainha Catarina de Bragança.

A cidade-fotaleza de Mazagão é abandonada em 1769, sendo a guarnição militar transferida para o Amazonas (Brasil), onde foi fundada uma cidade Vila Nova de Mazagão, próximo da grande ilha de Marajó. 

As relações diplomáticas com Marrocos foram estabelecidas em 1774, quando foi firmado um Tratado de Paz e Comércio, selada pela troca de embaixadores entre os dois países. A partir daí Portugal irá tentar negociar a paz com Tripoli, Tunes e Argel, os principais centros da pirataria no Mediterrâneo.  

A enorme comunidade de judeus existente Marrocos, a maioria dos quais descendentes de portugueses, começa a ser brutalmente perseguida e assassinada, o que provocará a saída de largos milhares de judeus.

Século XIX

No início do século XIX, muitos descendentes de judeus portugueses regressam a Portugal vindos das principais cidades marroquinas (famílias Cardoso-Nunes, De Mattos, Dias, Monteiro, Peres, Pinto, Medina, Miranda, etc), mas também outros que aproveitaram a oportunidade como Abraham Nathan Ben-Saúd (a actual família Bensaúde).

Ao longo do século XIX Marrocos é retalhado por países europeus como a França e a Espanha, onde praticam um impressionante saque. 

Século XX

A partir de finais do século XIX, regista-se um aumento das relações comerciais entre Portugal e Marrocos, acompanhado de um significativo movimento migratório, sobretudo do Algarve.

Durante a 2ª. Guerra Mundial (1939-1945), quando a França estendeu a Marrocos as leis antisemitas, os consulados de Portugal apoiaram as famílias de judeus portugueses ameaçados de serem  expropriadas dos seus bens.

Após a independência de Marrocos, em 1956, este país passa a dar apoio aos movimentos de libertação que combatem o colonialismo português em África, como a UNITA (Angola). Muitos exilados portugueses refugiaram-se também em Marrocos. Estes factos não impediram que os dois países, com muitos interesses em comum, não continuassem aprofundar as suas relações económicas e culturais.

Nos últimos anos os dois países tem vindo a reforçar os seus laços económicos e culturais. Em 1986 foi fundada a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Marroquina. Em 1994 realizou-se a primeira cimeira Luso-Marroquina. 

Centros Culturais Portugueses: Centro Cultural Português em Rabat .Pólo do Centro Cultural em Casablanca.

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Antigas Cidades e Fortalezas Portuguesas em Marrocos

Um dos aspectos mais visíveis desta presença portuguesa é a impressionante rede de fortalezas que se estendem ao longo de toda a costa:  

1. Ceuta (1415-1640). A cidade, ainda ocupada pela Espanha, conserva inúmeros vestígios portugueses: fortaleza, Igrejas (Mesquita/Igreja de N. Sra. da Assunção,  Sta. M.ª de África, do Espírito Santo, S. Sebastião, Santo António, Convento de N. Sra. do Socorro, etc)

2. Alcácer Seguer (1458-1550). fortaleza, incluindo a couraça e respectiva porta e restos do casario interior.Igrejas.

3. Tanger (1471-1661). Em 1437 os portugueses tentaram esta cidade, mas foram derrotados. Ficou então preso o Infante D. Fernando que veio a morrer cativo, em 1447, na cidade de Fez. Em 1661 foi dada pelos portugueses à Grã-Bretanha, como dote de casamento de uma princesa portuguesa. 

Entre 1912 e 1956 foi considerada uma cidade livre, sendo administrada por vários países, incluindo Portugal. Os vestígios da presença portuguesa estão bem conservados: fortaleza, igrejas e a catedral era dedicada a N. Sra. da Conceição.  

4. Arzila ou Asilah em árabe (1471-1550 -1577-1589). Torre de menagem, muralhas e fosso.

5. Azamor (1513-1541), na margem do rio Oum er-Rbia. Muralhas, casario e ruas interiores (elementos manuelinos).

6. Mazagão ou El Jadida em árabe (1513-1769).  Foi fundada pelos portugueses em 1513 no lugar onde existiu outrora uma fortaleza almóada, acabando por se tornar o seu principal entreposto atlântico. Foi abandonada, em 1769, na sequência de um cerco imposto pelo sultão Sidi Mohammed ibn Abdallah, tendo a sua guarnição sido deslocada para a Amazónia (Brasil), onde construiram uma nova cidade (Nova Mazagão). 

Muitas ruas conservam nomes portugueses (Rua da Carreira, Rua Direita, Rua da Nazaré, Rua do Celeiro, etc). Fortaleza, cisterna, igrejas de Nª Srª da Assunção (estilo manuelino) e Nª Srª da Luz e Palácio da Inquisição. O conjunto fortificações portuguesas, um exemplo precoce de arquitectura militar renascentista, foram inscritas, em 2004, na lista do Património da Humanidade, pela UNESCO .

7. Safi ou Safim (1508-1541). Castelo do Mar", mandado erguer por D. Manuel I. Catedral, muralhas, casario, ruas interiores e "Castelo da Terra" (elementos manuelinos).

8. Aguz (perto de Safi). fortaleza. 

9. Larache (perto de Rabat).

10. Graciosa (perto de Larache). Fortificações.

11. Santa Cruz do Cabo de Gué -Agadir (1505-1541).

12. Meças. Fortificações 

13. Castelo Real, em frente a Mogador (1506-1510)

14. Mogador (Essaouira). Igreja. Sítio classificado pela UNESCO.

15. Bojador. Situa-se na costa do Saara Ocidental. A primeira passagem pelo Bojador deve-se a Gil Eanes em 1434.Fortificações (ver Saara Ocidental). 

 Marrocos na Arte Portuguesa 

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  Carlos Fontes
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