Navegando na Filosofia

Testes de Filosofia

 

Carlos Fontes

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Psicologia . Ensino Secundário

Persistência da Memória, Dali

 

 

Memória  

 

 
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1. Importância e definição de Memória

Somos o que somos devido à memória que possuímos. É a memória que torna possível que tenhamos uma história pessoal, uma ligação entre as várias experiências num continuo, construir uma identidade pessoal. 

Na memória armazenamos e retemos conhecimentos, informações, encontros, acontecimentos, que podemos recordar.

O armazenamento, segundo o entendimento actual, corresponde a finas modificações de determinadas sinapses. A perda destas modificações nas sinapses traduz-se na perda (esquecimento) da informação. Não existe consenso sobre esta matéria. 

Não existe no cérebro nenhuma região específica para a memória, uma vez que nenhuma lesão cerebral consegue eliminar toda a memória. Vários estudos sugerem que é o hipocampo que organiza o registo das recordações e  depois as dirige para outras áreas do cérebro. O neocórtex guarda bastantes memórias a longo prazo.

1.1. Fases do Processo de Memorização

- Aquisição. A informação que é recebida através dos sentidos, sob a forma de estímulos, é seleccionada e apenas retida a mais significativa. As informações são sujeitas a uma codificação para puderem ser armazenadas. 

- Retenção ou armazenamento. Não existe, como vimos, nenhuma região específica no cérebro para a memória. A informação bem organizada é mais facilmente é retida e acessível. O material armazenado está sujeito a contínuas modificações. 

- Recuperação ou Actualização. Actualizamos a informação armazenada sob a forma de recordações ou reconhecimentos.

1.2. Tipos de Memória

A memória pode ser classificada de acordo com a duração das informações armazenadas. O intervalo de tempo em que conseguimos conservar determinada lembrança parece depender do esforço que fazemos para a reter. 

Memória Sensorial 

As informações sensoriais são armazenadas nesta memória num reduzido período, cerca de 0,25 segundo. A informação é retida em estado bruto, sem qualquer análise. É este tipo de memória que nos permite compreender  que alguém diz, ler um texto, ver um filme, etc. O que os nossos sentido apreendem são simples estímulos, que depois de codificados são transferidos para a memória a Curto Prazo.  

Memória a Curto Prazo ou de Trabalho

Regista aquilo em que estamos a trabalhar ou que nos acabou de acontecer. É nela que estão os pensamentos e as informações que, num dado momento estamos a utilizar. O tempo de duração é de cerca de 60 segundos. É sensível aos traumatismos. Esta informação desaparece para sempre se não transitar para a memória a longo prazo. A capacidade de armazenamento desta memória é muito limitada.

Memória a Longo Prazo

Conserva ao longo da vida a informação que foi retrabalhada e assimilada nos conhecimentos anteriores. É enorme a capacidade de armazenamento da informação. As recordações cinestésicas (aprendizagem motora) são das mais persistentes. 

1.4. Esquecimento

O esquecimento é inerente à memória, sem o qual acumularíamos muita informação inútil que poderia perturbar o próprio funcionamento do cérebro. 

O esquecimento pode resultar de vários factores:

a) Tempo. Embora a memória se vá degradando com o tempo. A memória altera-se com a idade, mantendo-se todavia em geral estável entre os 20 e os 60 anos. O efeito do envelhecimento sobre a memória varia bastante de individuo para individuo. O factor mais importante para o esquecimento não parece ser todavia o tempo, mas as interferências (acontecimentos ou actividades) que ao longo da vida vão afectando a próprias memórias;

b) Organização. A forma como organizamos a informação é decisiva para facilitar ou não o acesso à mesma. As novas aquisições se não forem devidamente integradas na informação já armazenada, tendem facilmente a ser esquecidas. "Lembramos bem, aquilo que organizamos bem" (Henry Gleitam).

- Codificação. A retenção é facilitada quando organizamos a informação em unidades simples e depois as repetimos. Por exemplo: Memorizar as seguintes letras - TRISPP2CRT1VTI -, pode ser uma tarefa muito simples se for codificada, correspondendo cada unidade à sigla dos principais canais de televisão portugueses (RTP-RTP2-SIC-TVI). A retenção é também facilitada quando inserimos as informações a reter em imagens ou esquemas integradores (mnemónicas). 

c) Significação. A compreensão, tal como a organização é um elemento fundamental na memorização. O que não compreendemos, dificilmente será registado na memória a longo prazo. 

d) Interferências. Uma informação que gravada perturba o acesso a(s) outra(s) anteriores ou posteriores. Para estas interferências contribuem, entre outros factores, a semelhança ou a incompatibilidade das  informações. Dois tipos de interferências: 

- Informações anteriores podem perturbar o acesso às informações mais recentes; 

- Informações gravadas recentemente podem perturbar o acesso a informações anteriores.

O esquecimento pode ser voluntário, isto é, resultar de um esforço deliberado para esquecer certos factos, acontecimentos ou informações por serem desagradáveis. 

1.5. Distorções na Memória

A memória pode ser afectada de muitos modos. Os testemunhos de alguém, por exemplo numa inquirição judicial, podem ser afectados pelas expectativas tem sobre uma dada situação. Ao relatar aquilo que testemunhou numa dada situação, tende a acrescentar novos elementos que correspondem às suas expectativas ou conhecimentos sobre situações idênticas. A forma como as perguntas são feitas pode contribuir para a produção de respostas falsas.

As memórias "recuperadas" após um período de amnésia são, em muitos casos falsas ou fabricadas (Gleitman, p.385). 

1.6. Amnésia

A amnésia, perda da memória total ou parcial, pode ser causada por diversas motivos: 

a)  Doenças neurodegenerativas. A doença de Alzheimar, por exemplo, resulta de uma degenerescência do cérebro que ocorre em geral em idades avançadas, provocando uma demência grave. O fenómeno é irreversível.

b) Lesões cerebrais. Podem provocar danos na memória destes que tenham afectado partes do cérebro vitais para o armazenamento. A perda de memória é em geral temporária.

c) Stress. O stress em elevado grau, como em situações de guerra ou as vítimas de crimes, pode  apagar da memória temporariamente estes acontecimentos.  

d) Alcoolismo e consumo de drogas.

1.6. Aprendizagem e Memória

Não há aprendizagem sem memória, nem sequer  uma actividade cerebral minimamente estruturada. Quando dizemos que aprendemos ou sabemos algo, queremos dizer fixamos os conteúdos ou as operações que acabamos de adquirir na memória. Neste sentido saber ou aprender é um processo que começa numa percepção, uma instrução verbal, um gesto repetido e termina na memória, que armazena a informação para uma possível utilização futura.

Sem memória não existiria, por exemplo, linguagem. Nos seres humanos, a maioria das aprendizagens mais complexas, faz-se em grande parte através de processos verbais. As palavras funcionam como estímulos-respostas. Na própria aprendizagem prática, por exemplo, o conserto de uma máquina, depende de instruções verbais.

 

  Carlos Fontes
 

Para nos contactarcarlos.fontes@sapo.pt

 

 





 

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