Navegando na Filosofia - Carlos Fontes

Sentido da Existência Humana

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Síntese da matéria

Sentido da Existência Humana

 

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1. Conceito de Sentido

 

2. Respostas das religiões

Por princípio todas as forma des religiões têm uma resposta para o sentido (finalidade, valor) da vida humana, o qual já está antecipadamente determinada. Cumpre-nos segui-lo e dessa maneira seremos recompensados, mas senão o fizermos sermos penalizados em vida ou depois de deixarmos esta vida terrena.

 

a) Budismo. Nesta religião parte-se do concepção que a alma humana está num continuo de transmigração (reencarnações, renascimentos). Não existe um começo absoluto, como no cristianismo. O objectivo de qualquer ser humano é contribuir para que a sua alma que se liberte deste ciclo de renascimentos. Para o fazer terá que desligar-se de tudo o que nos causa sofrimentos na vida, como os desejos ou ilusões. Este processo de libertação que não se atinge numa única vida, mas em várias. Pensar do sentido da vida em termos individuais é assim uma ilusão, que nos afasta da eterna felicidade que só será atingida quando a alma se dissolver no Nada (Nirvana).

 

b) Hinduísmo. O sentido da vida está na comunhão com o divino, o qual só será obtido através de um longo processo de reencarnações.  

 

c)  Judaísmo. Cada judeu acredita fazer parte de um povo que foi escolhido por Deus para o adorar, seguir as suas regras e submeter-se sem questionar à sua vontade. A finalidade da vida humana para o judeus é cumprir e aceitar a vontade de Deus.

 

d) Cristianismo.

 

e) Islamismo. O sentido da vida está na aceitação e submissão à vontade de Alá. Para isso o crente deve seguir o caminho definido pelos cinco pilares da fé islâmica: 1. Crer num Deus único (Alá) e no seu profeta (Maomé); 2. Rezar 5 dias por dia virado para Meca; 3. Jejuar no mês do Ramadão; 4. Dar esmola aos pobres; 5. Ir em peregrinação uma vez na vida a Meca;

O sentido da vida para os muçulmanos tem que ser vivido e só pode ser atingido dentro da umma (comunidade de crentes), tendo como os imãs como guias espirituais.

 

3. Respostas dos Filósofos

 

Epicuro

 

Shopenhauer

 

Kierkegaard (1813-1855)

 

Numa época em que a maioria dos filósofos, como Hegel, procuravam construir grandes sistemas filosóficos, Kierkegaard centrou as suas preocupações na compreensão da existência do individuo, singular, único, concreto, finito. Estava convicto que sistema filosófico era capaz de explicar a experiência única do individuo. A sua perspectiva é sempre assumidamente subjectiva. Procura encontrar uma resposta para as possibilidades da realização da existência humana, fora dos grandes sistemas racionais da sua época.

 

Sustentou que o ser humano só se realiza em Deus e tomando Deus como referência. Só n`Ele encontra sentido a sua existência. Concebe três estádios na vida humana:

 

a) Estádio Estético (sensível). O individuo persegue uma vida hedonista e sensual. Vive o imediato, o instante que passa, subjugado a caprichos e fantasias. Só reconhece os outros como objectos dos seus prazeres sensoriais. O resultado é uma insatisfação permanente, o desespero acaba por instalar-se numa vida vazia e fútil. O individuo está impossibilitado de realizar-se como sujeito.

 

b) Estádio Ético (reflectido). O individuo submete-se a deveres, regras, compromissos, procurando integrar-se, conformar-se numa dada comunidade, constituir família, etc. Acaba sentindo-se limitado, aprisionando na sua existência. Passa a viver uma vida marcada pela renúncia aos seus impulsos, caprichos, fantasias, mas também à sua própria existência.

 

b) Estádio Religioso. O individuo reconhece que só na sua relação com Deus (desconhecido, infinito, eterno), poderá atingir a plenitude da sua vida, possibilitando-lhe um maior conhecimento de si próprio. Esta relação não assenta em fundamentos racionais, mas numa decisão pessoal, subjectiva, na fé. Só nela o ser humano poderá redimir-se dos seus pecados, encontrar a sua salvação eterna.  O sentido a nossa existência joga-se nesta relação com Deus, quando nos projectamos no horizonte da eternidade.

 

A sua filosofia marcou profundamente a filosofia existencialista ( Heidegger, K. Jaspers, Sartre, Camus).

 

 

Karl Marx

 

Freud (1856-1939)

 

Qual o sentido da vida humana? Freud renuncia a resposta a esta questão, preferindo uma pergunta mais simples: - Com base naquilo que podemos observar, qual é o objectivo ou intenção do comportamento humano? A resposta é apenas uma: - os seres humanos querem ser felizes, isto é, buscam o prazer. Para Freud as teses hedonistas, o prazer e felicidade coincidem.

Embora a procura do prazer seja o principal objectivo dos seres humanos, a verdade é que são inúmeros os obstáculos para o atingir são inúmeros. A cultura é o grande inimigo da felicidade. Neste sentido, o "princípio do prazer" acaba por ser submetido ao "princípio da realidade", levando o individuo a renunciar ao prazer, a reprimir os seus instintos, a sublimar os seus desejos, etc.

 

Nietzsche

Wittgenstein

 

J. P. Sartre ( (1905-1980)

 

Na sua célebre obra - O Existencialismo é um Humanismo - define de uma forma muito clara a sua posição sobre o problema do sentido da existência humana. A sua posição assenta nas seguintes teses:

 

1. Deus não existe. Partindo de uma posição ateia radical, nega que possamos falar de uma "natureza humana" comum a todos os homens. Neste sentido, também não podemos admitir a existência de uma norma ou lei a que estejam obrigados todos os homens. Não existem normas morais definitivas a que nos possamos apoiar, para saber o que devemos fazer.

 

2. Condenados a ser livres. Se Deus existisse o homem não seria livre, como Deus não existe, logo o homem é livre. O homem não pode pois refugiar-se ou remeter-se a nenhum Deus. Cada um deve assumir a sua vida como obra exclusivamente sua. Nada nos garante a felicidade, nem que as nossas decisões sejam as melhores. O nosso destino estás nas nossas mãos. O homem deve fazer-se a si mesmo. O mundo será o que ele quer que seja.

 

3. Ausência de Sentido. A nossa existência não tem qualquer sentido à priori, somos nós pelas nossas acções que o construímos, o inventamos ou conquistamos. Apesar de não existir uma "natureza humana", podemos apontar algumas características comuns à condição humana: finitude, temporalidade, liberdade, angustia, absurdo, etc. Esta frágil condição condena, como dissemos, cada um a construir o nosso próprio destino.

 

4. Não estamos Sós. A nossa existência choca ou relaciona-se com outras existências. As nossas acções afectam outros homens. Neste sentido, somos responsáveis não apenas por nós, mas também pelos demais. A nossa vida, como a dos outros, é o que fizermos ou deixarmos que façam dela (s).

 

Albert Camus (1913 - 1960)

 

Para Camus, o problema central a filosofia era questão do sentido da existência. Partindo de um ateísmo radical, que sustenta a impossibilidade da existência de Deus dado o sofrimento a que estão sujeitos tantos inocentes neste mundo, acaba por sustentar as seguintes teses:

 

1. Absurdo a Existência Humana e do Mundo. O absurdo da nossa existência consiste em tentar dar um sentido a uma vida sem sentido. Trata-se de uma tarefa condenada ao fracasso. É por esta razão afirma que o verdadeiro problema do homem é o suicídio, uma fuga ao mundo, que é ela própria um absurdo, pois o mundo continua a existir.

 

2. Revolta. A única alternativa que resta ao homem é a revolta individual e solitária contra o niilismo, o vazio da nossa existência.

 

3. Solidariedade. Os homens acabam por constatar que todos partilham a mesma condição existencial, criando-se deste modo entre eles laços de solidariedade.

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 11º. Ano - Programa de Filosofia

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