.

História da Formação Profissional e da Educação em Portugal

Carlos Fontes

Inicio .AnteriorPróximo

Idade Moderna - II (Século XVIII)

Ensino Técnico

Paralelamente à formação profissional de de carácter corporativo, surgiu ainda no século XVII, um processo de formação que adquiriu no século XVIII uma larga difusão, vindo a constituir o chamado ensino técnico, tal como hoje o conhecemos. A França, como a Inglaterra tiveram aqui um papel pioneiro que importa destacar. A principal novidade consistia em transformar o desenho técnico na base do próprio processo de aprendizagem dos ofícios mecânicos..

Durante o reinado de Luis XV, a   França à semelhança da Inglaterra incrementa a criação de escolas gratuitas de desenho [1]. O desenho era no século XVIII, mais do que uma técnica, era a base do conhecimento de todas as técnicas. 

Yves Deforge escreveu:" Na  origem , os traçados profissionais faziam parte da  bagagem dos mestres. Os operários só tomavam conhecimento deles parcial ou gradualmente durante as iniciações. Quando esses traçados são ultrapassados por saberes formalizados  de nível  superior, como a geometria descritiva e os cálculos de resistência. ( ... ), os antigos traçados caiem no domínio publico e são ensinados aos operários nas escolas de desenho que abriram um pouco por toda a Europa, no século XVIII e, sobretudo , no século XIX. Pensou-se então que o desenho técnico seria o instrumento de emancipação dos trabalhadores. Nada disso aconteceu. ( ... ) Hoje, um operário qualificado se ainda necessita de saber interpretar um desenho, não tem de desenhar"[2]

Ao nível médio as escolas dedicam-se a dar certos conhecimentos próprios para a preparação  dos comerciantes, agricultores, e outras profissões.

Na Alemanha, estas iniciativas são devidas a particulares, em  França, como em Portugal devem-se ao Estado. Em França, o decreto de 15   Setembro de 1793 instituiu para além das escolas primárias, as escolas centrais departamentais, com o objectivo de dar "os conhecimentos indispensáveis aos operários e artistas de todos os géneros". Estas escolas constituíram , enquanto modelos, as  bases do ensino moderno: objectivos concretos; materiais escolares e métodos virados para a realidade orientados para as exigências económicas. Apesar do sucesso inicial, em 1802, são integradas nos novos liceus de cariz clássico e militarizado.

Acompanhando estas preocupações de criar um amplo modelo de formação profissional, surge ainda em França um ensino superior muito especializado: as Escolas Reais de Engenharia, Artilharia, de Pontes e Calçadas ( 1775 ), de Minas ( 1783 ). Durante  a "Revolução " surge o Museu de História Natural, modelo do novo museu articulado com o ensino que assumirá ao longo do século  XIX uma ampla difusão por toda a Europa, incluindo Portugal. O Conservatoire National des Artes  et Métiers, surge neste contexto, primeiro como um simples museu, e depois em 1829, promove igualmente a qualificação de técnicos, como "Escola de aplicações das ciências ao comercio e á industria".        

Neste quadro refira-se ainda , pelo seu carácter mais generalista a criação da Escola Politécnica (1795), a Escola Superior de Trabalhos Públicos ( 1794), e as Escolas Centrais de Artes e Manufacturas (1829 ), que constituirão a base da renovação industrial d França no século XIX , e um modelo que muitos preconizarão para se seguir em Portugal.

Em Construção ! 

Carlos Fontes

Navegando na Educação

Notas:

 [1]. "O Desenho geométrico é indispensável ás aplicações (...) industriais", Pillet. J. , 1882, "Dessin Geometrique", in Buisson, F. et Allii, Dictionnaire de Pedagogie et d Instruction Primaire, Paris, Hachete.1ere Partie.T 1.,pag.689.

 [2]. Yves Deforge, in,O Jornal da Educação, 30 de Janeiro de 1980.