.

História da Formação Profissional e da Educação em Portugal

Carlos Fontes

Inicio . Anterior. Próximo

Idade Contemporânea - II - 1ª. República (1910-1926)

Orientação Escolar e Profissional

.       A complexidade do mundo das profissões no inicio do século XX, levantava já problemas específicos no campo da escolha vocacional, quando esta tinha alguma possibilidade de ser feita. Mas foi a primeira Guerra Mundial ( 1914-1918), implicou o grande desenvolvimento da orientação profissional. Foi então necessário recorrer em larga escala aos exames psicofisiológicos das aptidões dos individuos  para as diversas carreiras militares, assim como á readaptação dos feridos e mutilados a novas formas de vida profissional. Nos vários paises envolvidos no conflito, começaram desde logo a surgirem organizações ligadas á orientação profissional:

     "Por, exemplo, na Polónia fundou-se uma sociedade destinada a ocupar-se dos filhos dos reservistas, tornando-se rapidamente o primeiro centro polaco de orientação profissional. Em 1916 reorganizou-se , na Alemanha, a repartição de orientação de Munique; nesse ano foram obrigadas as comunas , de mais de dez mil habitantes, a possuírem uma secção de orientação profissional. Na Grã- Bretanha, em 1918, desenvolveu-se a instituição de organismos consultivos para auxiliar os novos na orientação a seguir.

    " Nos Estados - Unidos procedeu-se, em Dezembro de 1918,á criação dum orgão centralizador , a "Repartição especial para a colocação e orientação profissional dos adolescentes".

     "A partir de 1919, a orientação profissional voltou para o primeiro plano das preocupações sociais, em todos os meios nela interessados. Leis e decretos se promulgaram, não só nos países onde já havia orientação profissional ( Alemanha e França) como noutros, onde ela não existia ou estava apenas esboçada, como na Austria, Espanha, Hungria, Itália, polónia, Portugal, Checoslováquia, na URSS, estendendo-se esse movimento pelo mundo , na União Sul-Africana, América Latina e Austrália"[1].

         Em Portugal a orientação profissional iniciou-se apenas de facto em 1925, com a criação do Instituto de Orientação Profissional Maria Luisa Barbosa de Carvalho (IOP). Este Instituto estava inicialmente integrado no "Instituto de Seguros Sociais", no âmbito do Ministério do Trabalho e Previdência Social que foi extinto neste ano, transitando por isso para o Ministério da Instrução Publica( mais tarde Ministério da Educação Nacional ), onde ficará anexo á Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

      O primeiro director do IOP foi o Faria de Vasconcelos, que desempenhará este cargo até á data da sua morte em 1939, imprimindo ao Instituto uma actividade que se revelará notável sob diversos pontos de vista: no trabalho de orientação, na edição de monografias, na formação de peritos de orientação, na divulgação das metodologias junto de várias entidades publicas e privadas.

      A legislação publicada sobre este Instituto foi demasiado abundante, como se pode verificar: decreto n.10986, de 31/7/1925; dec.11176, de 24/10/1925; Dec. n.12912, de 15/ 12 /1926; dec. n.12913, de 16/12/1926; dec.n.13475, de 26 /3/1927; Dec. n.14715, de 7/12/1927; dec. n.14963, de 24/1/1928; dec.n.20236, de 19/8/1931; dec. n.22753, de 28/6/1933; dec. n.22754, de 28/6/ 1933; dec. n. 23081, de 6/10/1933; dec. n.25143, de 19/3/1935; dec. n.25446, de 1/6/1935; dec. n.26611, de 19/5/1936; dec. n.31049, de 28/12/1940; dec. n.38692, de 21/ /3/1952, e as portarias ns.7714 e 7894, respectivamente de 15/11/1933 e 10/10/1934.

      Um dos trabalhos mais notáveis deste Instituto foram as suas publicações , das quais se destacam o Boletim do IOP, e a série de monografias profissionais. Estas monografias eram compostas de três partes distintas: uma elaborada por Faria de Vasconcelos, sobre as aptidões físicas, mentais e morais e os conhecimentos necessários para o exercício de uma dada profissão; a outra , referente ás contra-indicações clinicas e doenças profissionais a cargo dos médicos Fernando da Costa Cabral e Maria da graça e Silva; a ultima sobre as condições económicas , sociais e corporativas de cada profissão, que era elaborada por Emílio Costa, Manuel Subtil, Eduardo Marecas Ferreira, para o que realizaram inquéritos apropriados. As profissões que foram contempladas até á morte de Faria de Vasconcelos, foram as seguintes: Alfaiate; Costureira de Alfaiate; Modista de Vestidos; Bordadeira; Compositor Tipográfico Manual; Entalhador, Desenhador Litografo; Relojoeiro; Serralheiro Civil; Serralheiro Mecânico e Montador Electricista.

      Para além destas destas monografias, o IOP publicará em 1947 o primeiro "guia" para orientação dos jovens no campo da formação profissional: "Possibilidades Educativas em Portugal ( Organização Escolar Portuguesa), da autoria de Oliveira Guimarães e Fernando Falcão Machado

     No campo da formação profissional, o IOP iniciou em 1933 os primeiros cursos de "Perito -Orientador, que durou até 1986...  Nos anos trinta algumas entidades publicas e privadas, avançavam já na criação de estruturas próprias de orientação profissional: Na marinha, no Corpo de Marinheiros; Nas Companhias Reunidas de Gás e Electricidade; na Escola do Exercito; assim como, em extensões do próprio IOP em Coimbra e no Porto.     

Em construção !

  Carlos Fontes

Navegando na Educação

Notas:

1]. BIT - Les Problemes de l Orientation Professionnelle , citado por Emilio Costa, em "Aspectos Sociais da Orientação Profissional", Biblioteca Cosmos. Lisboa. 1942 ( ? ).