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História da Formação Profissional  e da Educação em Portugal

Carlos Fontes

 

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Período Medieval 

Universidade de Lisboa

Na precária Universidade de Lisboa no século XV[1], no período entre 1431 e 1460, foram introduzidas algumas matérias inovadoras no contexto português. O ensino nesta Universidade (Estudos Gerais), desde 1290 que pouco mais ultrapassava que os rudimentos de gramática, lógica e Musica, as chamadas "Artes Liberais", e depois os estudos de medicina, teologia ( ?) e Leis. Por iniciativa do Infante D. Henrique, em 1431, que se assume então como "Protector" da Universidade[2], institui quatro novas cadeiras no estudo das Artes Liberais, que conferiam o grau de bacharel e davam acesso aos cursos de medicina, leis e teologia. São elas a cadeira de Retórica, Arestmatica (Aritmética), Geometria e Astrologia. Cadeiras essenciais como veremos para a navegação, o ensino de engenharia que despontarão no século seguinte com grande relevo. O que nos interessa agora referir são as três cadeiras de Astrologia, Arestmatica e Geometria.

A Astrologia no tempo do Infante D. Henrique teve uma larga difusão entre nós. A crescente influencia dos médicos judeus não pode ser aqui desprezada, muito menos a influencia árabe, registando a tradução de três importantes obras sobre o assunto no tempo de D.João I[3].

O estudo de astrologia estava ligado na altura aos problemas da astronomia, posição dos astros, determinação dos astros em certas horas, etc, que tinham assumiam uma importância essencial na navegação marítima auxiliada pelo astrolábio. Desde 1451 existem referencias explicitas a pilotos portugueses conhecedores da rota dos navios pela sua posição em relação ás estrelas[4]. Sem estes conhecimentos teóricos e práticos , era inexplicável o "sucesso dos Portugueses nas suas expedições de descobrimento". Estas aulas tiveram sem duvida um papel decisivo neste domínio.

O estudo de Astrologia eram indissociável, ao tempo, do estudo da Aritmética e e da Geometria[5]. Difundiu-se Portugal, no século XV, com base no modelo da Universidade de Toledo, onde persistia uma simbiose entre estas três matérias. Estes tornaram-se a base para o ensino "superior", razão pela qual no século seguinte veremos em tão grande numero , por exemplo os médicos, a dedicarem-se ás ciências da marinharia, astronomia (e já não astrologia) e fortificações. Entre eles avultam as figuras de Duarte Pacheco Pereira (?), Valentim Fernandes ( ?), Alvaro Tomaz (?), Gaspar Nicolas (?) e Pedro Nunes bacharel em medicina pela Universidade de Lisboa. 

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Carlos Fontes

Navegando na Educação

Notas:

1]. A Universidade de Lisboa até 1431 nunca tivera casas próprias. Ainda no tempo de D. João I, o problema tinha assumido tal acuidade que por carta de 2 de Maio de 1389, se afirma que os estudos "nom teem casas em que leeam os leedores", por isso o monarca ordenava que lhes fosse entregue novamente as casas "da moeda velha", citado Moreira de Sá, O infante D. Henrique e a Universidade, pag.63

(2 ). Moreira de Sá, O Infante D. Henrique e a Universidade

(3) . Segredo dos Segredos do Pseudo- Aristóteles, cópia que se atribui ao próprio Infante, o Lybro de Magyka, de joão Gil de Castillo, e o Lybro Comprydo en Juizos de Estrelas, de Ali Aben Ragel.

(4 )  A. Moreira de Sá, ob.cit, pag.95

(5)  Francisco Gomes Teixeira, História das Matemáticas em Portugal, pag.56.