Não é normal vermos um professor ser considerado "herói" pelo exercício da sua actividade docente. Muito menos quando esse professor detém o "record" de processos disciplinares instaurados por uma escola.

Não pondo em causa a verdade dos factos, relatados pelo jornal Público-Revista XIS, a 5 de Maio de 2001, diremos que o que faz este professor um "herói" é o facto ser ainda um "Professor".

O caso passa-se no distrito de Évora, na escola básica 2-3 de Vendas Novas. Neste estabelecimento de ensino desde 1985, um professor de educação física com a colaboração de outros colegas realiza um conjunto de iniciativas que faria o orgulho de qualquer comunidade educativa. Fruto de um enorme trabalho, empenho pessoal e profissional estas iniciativas rapidamente atingiram uma projecção não apenas regional, mas até nacional. Era esperado que fossem acarinhadas dado o efeito multiplicador que poderiam produzir. O problema, segundo as mesmas fontes, é que a maioria dos professores da escola abomina tudo o que seja diferente, prefere a retórica da inovação pedagógica à inovação pedagógica propriamente dita. O resultado foi não apenas o ostracismo dos "heróicos"  professores, mas também uma guerra aberta para a sua punição pública.

Desde 1993, foram-lhes levantados 25 processos, 17 dos quais contra o principal promotor. Instada a pronunciar-se sobre os processos a Delegação-Regional de Educação do Alentejo e a Inspecção-Geral de Educação refugiaram-se numa olímpica atitude do nem sim nem não. Estamos a estudar o caso. Arquivem os processos que poderem, quanto aos restantes resolvam lá isso, o assunto é vosso, temos mais que fazer.

O caso teve um aparente epílogo, algo banal mas sempre incómodo, quando o mais encarniçado promotor de processos, cansado do seu insano trabalho se afastou ou foi afastado da escola. Foi nomeado para dirigir um centro regional de formação profissional.

Carlos Fontes

Navegando na Educação