Director: Carlos Fontes

Barbárie

 

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O Mundo Sinistro das Religiões

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As grandes religiões sempre constituíram no seu seio grupos restritos de seguidores, prontos a tudo, inclusive exterminarem outros seres humanos, para defenderem os princípios da sua religião. 

Durante a Idade Média quer o Islamismo quer o Cristianismo criaram organizações constituídas por fanáticos dispostos a tudo para defenderem os princípios da sua religião. O acesso a estas organizações sempre foi muito reservado. 

A sua forma de actuação assentava na infiltração dos seus membros em outras organizações  para aí identificarem, perseguirem e matarem todos aqueles que se afastavam da norma permitida. Estes "cães de Deus", como os dominicanos a si mesmos se designavam, farejavam o mal, os hereges e os infiéis.

Há medida que o seu poder crescia estas organizações passaram a actuar junto do poder, através de conspirações, denúncias, influenciando secretamente as decisões que eram tomadas. 

A Espanha foi sempre um viveiro destas organizações na Igreja Católica. Foi aqui nasceram duas das organizações que espelham o lado negro do cristianismo: a Inquisição com Torquemada (século XV) e a Opus Dei com Josemaría Escrivá (século XX).

 

Opus Dei 

O espanhol Josemaría Escrivá, filho de um falido negociante de tecidos, após uma longa meditação sobre a forma de obter a santidade através do trabalho, chegou à conclusão que era possível ir mais longe e reconciliar a procura do lucro, a acumulação do capital com os mais austeros princípios católicos. Banqueiros, gestores e  patrões católicos, após séculos a serem olhados com desconfiança, viram-se finalmente abençoados por Deus e pela santa madre Igreja. A sua obra de acumulação era sagrada. O Catolicismo prometia, neste campo, fazer melhor do que o judaísmo banindo todos os preconceitos em relação ao lucro e à usura. 

Em plena ditadura militar de Primo de Rivera (1923-1930), Escrivá teve uma inspiração divina e criou a Opus Dei (1928). 

Durante a ditadura franquista a sua organização expandiu-se por toda a Espanha, gozando da protecção do ditador espanhol, desfrutando os seus membros de largo poder no estado, banca, empresas, nomeadamente nas editoras e empresas de comunicação social. 

Escrivá instala-se, em 1946, no Vaticano, numa altura em que o papa PIO XII (1939-1958) era acusado de ter mantido cumplicidades com o Fascismo e o Nazismo, fechando os olhos ao Holocausto. A Opus Dei, adquire as características de uma organização secreta, oferecendo  ao Vaticano os seus preciosos serviços na gestão dos seus recursos financeiros. A sua influência aumentará ainda mais depois dos problemas ocorridos com o Banco Ambrosiano e a insolvência do Instituto de Obras Religiosas (IOR), instituição financeira da Santa Sé que mantinha negócios com o banco. A Opus Dei saiu em socorro da IOR evitando a falência do Vaticano.

Durante a ditadura salazarista, em 1946, a Opus Dei chega a Portugal, onde não pára de crescer junto dos católicos pertencentes a círculos de extrema-direita de de tendências iberistas. Os actuais 1,6 mil membros estão sobretudo ligados à politica, banca, ensino e comunicação social.  

Durante a Guerra Fria (1949-1989), a Opus Dei expande-se pelo "mundo católico", com um enorme sucesso junto de católicos que procuram uma orientação espiritual para enriquecerem, mas que também não abdicam da defesa intransigente dos valores católicos tradicionais e da defesa da Ordem Pública. Em muitos países, apoiam ditaduras como a de  Augusto Pinochet no Chile, pois as mesmas constituem a melhor garantia da preservação dos valores cristãos perante a ameaça comunista.    

Opus Dei acabou por ser tornar no final do século XX, no símbolo do lado negro do cristianismo, onde imperam as influências obscuras de seitas para espalharem o seu poder nas sociedades onde estão implantadas.

Carlos Fontes  

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