França
As conquistas e descobertas marítimas dos
portugueses foram uma excelente oportunidade de negócio para os franceses,
nomeadamente no comércio de escravos.No inicio do século XVI já os vemos no
tráfico de indios na América. Em 1518, Laurent Gorrevod é mesmo um dos
primeiros a obter a exclusividade deste tráfico nas indias ocidentais
espanholas.
No século XVII, a França está sobretudo
interessada nos lucros obtidos através da pirataria maritima, e das
plantações das suas colónias na América (Gaudalupe, Martinica, Santo
Domingo, Guianas, etc).
No século XVIII já temos em plena
acção a Real Companhia Francesa da Guiné, que conta entre os seus accionista
o rei de França e grandes comerciantes como Samuel Bernard, Crozart e outros.
Trata-se de uma companhia especializada no tráfico de escravos
para a América. Filipe V de Espanha, concede-lhe em 1701 o monopólio do
comércio para as suas possessões. Em dez anos os franceses exportam para as
mesmas cerca de 48 mil, descontando os que morreram na viagem.
Neste século iniciam o tráfico em larga escala na Costa
Oriental de África, capturando escravos para as suas plantações nas ilhas do
oceano índico, Bourbon e Maurícia. O pioneiro deste tráfico foi o francês
Morice que operava a partir de Quiloa. Em 1799, Mauricia e Bourbon contavam já
com mais de 100 mil escravos.
As colónias francesas da América, como St.
Domingo (Haiti), a mais próspera das Caraíbas, abarrotam também de escravos. Quando
os escravos desta última, pretendem ser considerados como seres humanos, à luz
da Declaração Francesa dos Direitos do Homem e da Igualdade (1789), os
franceses mostram-lhes pelas armas qual é a sua interpretação do assunto.
Apesar das chacinas os franceses saem derrotados, no que são socorridos pelos
ingleses que acabam igualmente vencidos. Em 1804 constituía-se a
primeira república de antigos escravos fora de África, o Haiti. Nesta colónia
francesa, os escravos aprenderam por eles mesmos que se queriam a sua
libertação tinham que lutar por ela.
A investida sistemática da França em África,
só inicia no século XIX, quando a pátria das revolução resolver disputar o
seu quinhão de África, após ter perdido a sua mais próspera colónia
americana (St.Domingo-Haiti). A conquista francesa de África faz-se a partir de
três pontos:
1.Norte de África: Argélia (1830), Tunísia
(1882), Marrocos (1901), avançando a partir destas posições para a Costa da Guiné (a costa dos
escravos).
2. Costa da Guiné e Congo: Senegal (1857),
Gabão (1875), Guiné-Conacry, Congo (1875), ocupando muitas das posições
abandonadas ou conquistadas aos portugueses e holandeses.
3.Costa Oriental de África: Madagascar (1895),
Ilhas de Comores, etc, onde desenvolvem um impressionante sistema escravocrata.
Ao longo de todo o século XIX temos negreiros franceses
operando legal e ilegalmente em ambas as costas africanas.
No século XX, os povos do norte de Africa, como
Argélia, Marrocos ou a Túnisia lutavam contra a escravidão que eram vítimas por parte
do país que proclamara a igualdade entre os homens.
Carlos Fontes
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